segunda-feira, 10 de maio de 2010

cama de gato

Cama de gato

Incluo nesta categoria a “cama de gato” (também conhecido por jogo do cordel, jogo da linha, jogo da guita, jogo ddo berço, jogo da serra, pé de galo…) realizada com um anel de fio esticado e seguro entre os dedos das mãos, manipilado com a colaburação de um parceiro de modo a obteren-se os mais diversos efeitos e figuras numa sequência pré-estabelecida que pode, mesmo, representar uma história. Logo que se obtêm uma figura esta é transformada por nova operação realizada pelo parceiro, e assim sucessivamente. A prepósito, diz Chateau: “ compreende-se, por isso, que um novelo de cordel seja um dos mais belos persentes que possa fazer-se a uma criança engenhosa.”
Os efeitos alcançados com as manobras de entrelaçamento do cordel são variados e diferentes consoante a tradição cultural; cada uma com sua designação, entre nós surgiram as figuras do berço, serra, barco, esteira, ferreiros, tumba, rede, etc. … E outras que convêm estudar; Ana Maria Amaro, que o registo em Macau, informa, contudo, que << nem um dos informadores se lembra te ter ouvido, alguma vez, chamar-lhe qualquer nome Português, nem sequer às variadas formas que vão nascendo dos dedos hábeis e delicadoas das meninas macaenses>>. Viegas Guerreiro regista-o, tambem, entre os Macondes de Moçambique mas diz, curiosamente, que << não encontrei nenhuma( rapariga ) que tirasse do fio mais de duas ou três figuras e não davam a qualquer destas nome especial>> Mischa Tiev apresenta uma fotografia de duas crianças da Nova Guiné, divertindo-se com este jogo e refere que ele deve ter tido conotações religiosas no passado, degenerando depois num simples jogo de crianças. Para ilustrar ainda esta universidade refiro tambem uma bela fotografia impressa no numero temático sobre << o jogo >>, do correio da Unesco, em que se podem ver diversas gerações de Esquimós encantadas com o jogo e, provavelmente, com a tradição oral que acompanha cada uma das figuras obtidas com a guita.
Diz Griaule, em estudo realizado entre os Dogons que << além de exercício dos dedos, que exigem cada vez mais maleabilidade, à medida que a figura se torna cada vez mais complicada, constitui ainda um exercício de memória visual e táctica. Visual, sobretuo no início da aprendizagem, pois o jogador observa a série de combinações: a vista intervém nos ensaios dos dedos, que ela guia; táctil, pois o fio actua materialmente sobre as mãos que, pouco a pouco, executam maquinalmente a série de movimentos, com uma intervenção cada vez menos importante da vista. (…) A série de imagens engendra uma lógica desta geometria; o jogo dos dedos é também uma actividade intelectual; o esforço das falanges para penetrar nos intervalos acompanha o da reflexão. Entre esta actividade e a daquelue que se ocupa da geometria descritiva não há diferença qualitativa; as satisfações sentidas nos dois casos perante a solução do problema são da mesma ordem>>.
Na linha das reflexões de Griaule, em número recente da revista << Pour la Science>>, Giarle Walker faz uma excelente e completa descrição das infinitas possiblidades de obter motivos geométricos a partir da base inicial deste jogo de agilidade que tem adeptos fervorosos entre Africanos, Esquimós e Índios Americanos e é, talvez, um dos jogos mais antigos do mundo diz este autor que << este jogo de habilidade e concentração convida a explorar as regras ariméticas que emergem da topologia dos laços>> - uma boa gestão para os professores de matemática!

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